O que é a Educação Menstrual e por que precisamos dela
Você já ouviu falar em Educação Menstrual? Vamos entender a importância dela?
– Esse texto é de autoria exclusiva da Herself Educacional e escrito por Raíssa Kist e Victoria De Castro. Não reproduza parcial ou totalmente esse texto sem citar todas as referências.
Quantas mulheres você conhece que não sabiam o que estava acontecendo quando tiveram a sua primeira menstruação?
Que não sabiam se tinham se machucado, se estavam doentes ou até pensaram que tinham “se borrado nas calças” quando viram o borrão de sangue na calcinha pela primeira vez?
Talvez tenha acontecido com a sua avó, com a sua mãe e/ou até com você, suas amigas…
Por que pouco entendemos a menstruação?
O tabu da menstruação tem uma história longa.
Inclusive, na História, houve muitos derramamentos de sangue em lutas, revoluções e guerras, eventos tidos, em alguns casos, como gloriosos ou ao menos como partes importantes para explicar o desenvolvimento das civilizações.
Mas os sangramentos vaginais… Ah. Mesmo sendo inevitáveis em corpos capazes de gerar vida dentro de si, é o sangue que sai da vagina que é visto como sujo, agressivo, como algo digno de vergonha. Nunca como saúde, quem dirá como orgulho, né?
Esse tabu em relação à menstruação e outros sangramentos vaginais se estende por várias gerações, por todas as classes sociais e pela maioria dos lugares do mundo.
De fato, como podemos lidar bem com algo que compreendemos tão pouco?
Inegavelmente, tendemos a repetir o que ouvimos e aprendemos ao longo da nossa vida, desde a infância. Salvo os casos em que existam oportunidades de mudar certas concepções, é inevitável que tenhamos uma ideia inicial negativa da menstruação. Afinal, aprendemos ela como um processo negativo e nojento.
Leia também: Você tem nojo da sua menstruação? Te propomos estas 7 reflexões
O que é a Educação Menstrual
A Educação Menstrual é parte do reconhecimento de si e do próprio corpo, e o reconhecimento do outro.
É a compreensão do ciclo menstrual como um aspecto positivo, de saúde, muito além da possibilidade de reprodução.
É a desmistificação dos sangramentos vaginais, desconectando-os da ideia de sujeira, impureza, perda e falha.
É a orientação para se apropriar da saúde menstrual de forma autônoma e segura.
É a abertura de novas narrativas sobre a menstruação – que rompam com narrativas patriarcais sobre o corpo feminino.
Acreditamos que compreender como o próprio corpo funciona é um direito fundamental de toda pessoa.
Desmistificar a menstruação torna as meninas mais confiantes e responsáveis, e os meninos mais empáticos e futuramente envolvidos com questões de saúde e de planejamento familiar.
O conhecimento também possibilita a superação de mitos relacionados à menstruação e ao funcionamento do corpo de quem menstrua, facilitando a higiene menstrual e a autoestima como um todo.
Leia também a página do Herself Social: Por que devemos falar sobre menstruação?
O papel da Educação Menstrual
Nomear a menstruação, sem eufemismos (“naqueles dias” e afins), e falar sobre ela é o primeiro passo para naturalizá-la. O que não é nomeado é muito mais difícil de ser compreendido.
Além de carregar a palavra no nome, a Educação Menstrual que construímos aqui na Herself se propõe a diferentes papéis:
1) Romper o tabu: abrir espaços de conversa sobre a menstruação, livre de mitos e constrangimentos;
2) A compreensão da fisiologia da menstruação: permitir que as e os pré-adolescentes entendam por que a menstruação acontece, quando acontece e o que significa;
3) Ressaltar a importância do autocuidado menstrual: o acesso a protetores menstruais limpos e seguros e à privacidade para colocá-los/higienizá-los/trocá-los é uma questão de dignidade para as meninas e mulheres. A educação promove o conhecimento dos diferentes protetores e orienta sobre os cuidados no período menstrual.
4) O reconhecimento da menstruação como um sinal de saúde: a menstruação é fisiológica e serve como “termômetro” da nossa saúde. Em vez de simplesmente colocá-la como “suja” e “desagradável”, trazemos os aspectos positivos do ciclo menstrual e da menstruação.
– Esse texto é de autoria exclusiva da Herself Educacional e escrito por Raíssa Kist e Victoria De Castro. Não reproduza parcial ou totalmente esse texto sem citar todas as referências.
Dia Internacional da Dignidade Menstrual
O dia 28 de maio é o Dia Internacional da Dignidade Menstrual. Dia 28 por ser uma média simbólica da duração dos ciclos menstruais, e no mês 5 (maio) por ser a também a média simbólica da duração do período menstrual.
O tabu e a falta de acesso a saneamento e a produtos para autocuidado menstrual afetam milhares de adolescentes em todo o mundo, fazendo com que corram riscos de saúde, parem de ir à escola e tenham suas possibilidades de desenvolvimento limitadas.
Nenhuma deve ficar para trás.
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Leia também: Como abrimos diálogo sobre menstruação produzindo bioabsorventes
Comments (3)
Sensacional genial! Passei por isso c 11a colégio de freiras! Era muito moleca estava subindo em árvores qd desci tava sangrando pensei que havia me machucado sai correndo só então me falaram sobre as regras! Ensiram c gases algodão fiquei desajeitada tinha muita dor demorei p entender! Hoje c 61a li sobre isso! Amei!
Obrigada por dividir sua experiência com a gente, Maria Angelica! Super importante estarmos sempre nessa constante (r)evolução, né? <3
Conteúdo muito informativo, seria bom se mais
garotas soubessem disso, principalmente as pré-
adolescentes, porque tem famílias que isso é real tabu! Ate eu na minha primeira experiencia, minha mãe, afim de aliviar a situação, disse que era uma forma de eliminar as impurezas do corpo! ( absurdo! ) mas mais absurdo ainda que eu acreditei… Ainda bem que conceitos podem evoluir e que existem pessoas bem mais experientes! Achei bem incrível como mencionam a menstruação com respeito e algo que deve ser levado como parte do corpo da mulher com orgulho, afinal, foi como eu já ouvi uma vez: ” Que existe tantos sangues derramados por aí por violência e ignorância, no entanto, o sangue vindo da menstruação é o sangue mais puro e digno que existe, sem violência ( eu ia dizer sem dor, mas aí lembrei das cólicas rsrs mas dá no mesmo jeitinho!)
Bj, amo o conteúdo de vocês, sou até fã!?