Manhã de domingo, chuva lá fora, friozinho, e o cheiro de café passado nos chama na cozinha.
Comer é felicidade, aconchego, carinho para o corpo. Não é acaso que tantas memórias queridas nossas se ligam diretamente ao ato de comer. Lembramos com saudade de datas importantes em que nos reunimos em volta da mesa pra rir, conversar, compartilhar comida deliciosa.
Com o ritmo de vida atual esses momentos se tornam mais escassos. Vivemos em uma aceleração quase que contínua, para fazer mais, produzir mais e, assim, nos desconectamos de dar atenção para o que de mais essencial precisamos.
Na pressa, não nos observamos, e o alimentar-se se torna um momento corriqueiro, em que precisamos colocar calorias pra dentro e só. Se come pouco, ou em excesso, muito rápido, assistindo tv, respondendo emails. Deixamos de reparar no nosso apetite, na resposta do nosso corpo ao alimento.
Logo depois de uma refeição sem atenção, sentimos fome de novo. Por quê? Porque quem nos diz que estamos satisfeitas é o nosso cérebro. Se não prestamos atenção no prato, no sabor, na textura, sentimos como se não estivéssemos alimentadas.
Faz o teste: te observa nessas situações. Como são teus hábitos alimentares? O que teu corpo te diz?
O comer consciente é perceber que se nutrir é um momento de afeto com o corpo e a mente, é estar completamente presente, é observar se aquele alimento te faz bem ou mal.
E como praticar o comer consciente no dia a dia? Aqui tem 8 dicas que elaborei pra tu começar já
1) Entenda a sua fome.
O que te motiva a comer é uma emoção ou uma necessidade? Que sentimentos emergem no momento da tua refeição? Procura observar o que tu tem sentido.
Além disso, muitas pessoas seguem a regra de comer de 3 em 3 horas. Essa pode ser uma dica pra equilibrar a alimentação, mas talvez pra ti seja melhor de 2h em 2h, ou de 4h em 4h. Por isso é tão importante se observar e definir qual a melhor dinâmica pra ti.
2) Prepare o ambiente.
Comer em silêncio, com calma, ou com uma música tranquila de fundo é muito melhor do que no barulho, com sons altos. O silêncio nos traz pro presente, nos conecta com o agora, faz a gente se sentir mais tranquila e relaxada. A intensidade da luz, as outras pessoas, os cheiros, tudo influencia.
3) Desconecte-se de distrações.
Sim, de novo, deixa o celular de lado pelo menos por esses minutos. Te dedica um tempo pra ti. TV, computador, livro também te tiram o foco e te distraem, afetando a digestão e a sensação de saciedade.
4) Respira.
Antes de comer, faz algumas respirações profundas. Sente o ar entrando pelos pulmões. Fecha os olhos e relaxa. Assim preparamos o corpo para um momento importante.
5) Pense em todo processo.
Para o alimento chegar no teu prato, existiu um processo longo antes, envolvendo várias pessoas.
O produtor que planta, que colhe, aqueles que levam o produto até a feira ou mercado, o preparo do prato. Todo um trabalho e tempo foram dedicados pra esse momento. Aproveita :)
6) Coma devagar.
Sente os sabores, os cheiros, cada parte do alimento. Mastiga várias vezes, apreciando.
Sabe quando nos perguntam o que comemos no almoço e não lembramos? É como se não tivéssemos vivido esse momento porque não prestamos atenção. Mas no Natal ou no aniversário sempre lembramos, porque estamos totalmente presentes, sem pressa.
7) Pare de comer quando se sentir satisfeita.
Temos uma ideia de que precisamos ficar muito cheias e só aí paramos de comer. Esse excesso nos deixa pesada, a digestão exige do nosso corpo e ficamos cansadas.
Tá tudo bem deixar um espacinho. No momento em que tu te sentir satisfeita, que passou a fome, para de comer. De novo: ouve teu corpo e respeita ele.
8) Se dê afeto.
Te permite viver os momentos das refeições. Esse é um ato de carinho contigo! Quando recebemos amigos, dedicamos nosso tempo pra eles, não é? Nada mais justo que fazer o mesmo pela gente :)
Hoje, cada vez mais estudos confirmam a relação entre saúde e a alimentação. Sabemos que uma alimentação saudável influencia todo nosso organismo, contribuindo para uma maior sensação de bem-estar e para prevenção de doenças.
Por isso é tão importante entendermos o ato de comer como uma medida de autocuidado. Em uma época em que vemos cada dia mais farmácias abrindo, uma do lado da outra, temos autonomia para despertar o entendimento de que temos a cura no nosso prato.
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