Tipos de corrimento: você sabe quais são e o que significam?
Hoje convidamos a ginecologista Dra Camila Prestes para conversar com a gente sobre o assunto! Muitas vezes, achamos que toda secreção que sai da vagina é corrimento.
No entanto, existe uma diferença entre a secreção fisiológica — que é saudável — e o corrimento vaginal — que indica que algo na nossa saúde não vai bem. Saiba como diferenciá-los e entenda os sinais de alerta em caso de corrimento.
O que é corrimento vaginal?
Antes de mais nada, saiba que muitas mulheres confundem secreção fisiológica com corrimento vaginal. Basta se sentir mais molhada para pensar: “Xii, será que tem algo errado comigo?”.
Não à toa, muitíssimas mulheres fazem uso de absorventes descartáveis para evitar lidar com a umidade. O que não nos damos conta — e muitas vezes nem fomos ensinadas sobre — é que sentir-se úmida é normal!
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Por isso, diariamente produzimos uma secreção fisiológica, que é comum e saudável. Trata-se de uma secreção que equilibra a flora vaginal e, portanto, é essencial para a saúde íntima.
Essa secreção deixa a mucosa úmida e hidratada. Além disso, essa “auto limpeza” faz com que células mortas sejam eliminadas do canal vaginal.
O corrimento vaginal, por sua vez, é uma secreção causada por infecção por fungos, bactérias ou protozoários. Na maioria das vezes ele tem alguma coloração.
Por exemplo: cinza, amarelado ou aspecto de branco coalhado. Além disso, está sempre acompanhado de alguns sintomas como coceira, ardência ou odores. Viu só a diferença?
O que provoca corrimento vaginal?
O corrimento vaginal — que não é saudável e indica uma infecção — é causado por fungos, bactérias ou protozoários. Ou, em alguns casos, uma combinação entre eles.
As causas para essa infecção são variadas. Entretanto, sabe-se que o desequilíbrio do PH vaginal deixa o corpo suscetível a esses agentes.
Nesse sentido, uma boa higiene é fundamental. Lavar a virilha, a vulva e parte externa da vagina com água e sabão já é o suficiente para eliminar odores, suor e a gordura característica da região.
O excesso de higiene também deve ser evitado. Como, por exemplo, usar sabonetes íntimos, fazer ducha vaginal ou lavar a parte interna da vagina.
Tudo isso prejudica a flora vaginal e faz com que a região fique mais sensível a fungos e bactérias. Lembre-se também de cuidar da saúde como um todo, pois a baixa imunidade faz com que seja mais fácil ter essas infecções.
Quais são os tipos de corrimento?
Branco, cinza, amarelo. A coloração das secreções é o primeiro sinal de alerta de que a secreção natural tornou-se corrimento. Por isso, a importância de sempre dar aquela olhada na calcinha ou no papel higiênico após fazer xixi.
Ao notar uma coloração diferente, é necessário observar a presença de sintomas e ficar mais atenta na saúde como um todo. Então veja a seguir os tipos de corrimento e o que cada um pode indicar:
Corrimento branco
Essa é a secreção branca e espessa, tipo leite coalhado. Geralmente é acompanhada de sintomas como coceira.
Assim, acaba causando vermelhidão e sensação de queimação na região da vulva. Costuma ser causada pela candidíase vaginal, uma infecção na vagina causada pelo fungo Candida albicans.
Corrimento cinza
A secreção na cor acinzentada, acompanhada de coceira intensa e cheiro fétido quase sempre é um indicativo de vaginose bacteriana.
Dessa forma, quem sofre com esse corrimento também tem desconforto ao urinar e uma sensação de queimação. Essa é uma infecção vaginal causada pelo excesso da bactéria Gardnerella vaginalis e Gardnerella mobiluncus no canal vaginal.
Corrimento amarelo ou verde
A secreção amarelo/esverdeado, com cheiro forte semelhante a peixe, pode estar associada a dores e sensação de queimação. Como resultado, é comum ter dor ao urinar ou a fazer sexo.
Na maioria das vezes é causada pela Tricomoníase, uma infecção vaginal que é sexualmente transmissível.
Corrimento rosa
Já a secreção rosada, pode indicar o início da gravidez, em razão da fecundação do óvulo. É frequente ocorrer até alguns dias depois do contato íntimo.
Juntamente com ela, é comum surgir leves cólicas abdominais, que acabam passando sem a necessidade de tratamento específico.
Quais tipos de corrimento são normais?
Bom, estamos alinhadas que nenhum corrimento é saudável, certo? Portanto, é normal ter uma secreção transparente, branca ou amarelada, sem sintomas associados.
Essa secreção saudável ocorre devido às glândulas da vagina, responsáveis pelo equilíbrio da saúde íntima. Ou seja, precisamos dela para garantir que nossa saúde seja preservada.
Há um tempo, uma polêmica rondou o twitter. Uma mulher postou a foto da sua calcinha totalmente seca e escreveu “Depois de um turno de 8h de trabalho”. Como resultado, uma página repostou a imagem com a legenda: “Nem toda mulher pode dizer o mesmo”. Logo depois, a publicação gerou muitos comentários e dúvidas se isso era saudável ou não. No final das contas, isso é único para cada pessoa. O que a gente não pode é estigmatizar a secreção fisiológica, que é comum e esperada. Por isso, como já falamos aqui antes: nossas vaginas não são secas. E que bom, né?
Essa secreção mais transparente pode variar ao longo do ciclo menstrual — em razão dos níveis hormonais, como o estrogênio — e ao longo da vida da mulher.
Às vezes é mais líquida, em outras pode ser elástica, lembrando o aspecto de clara de ovo. Nesse caso, geralmente pode indicar o período fértil e um momento propício para a gravidez.
Quais tipos de corrimento são perigosos?
Quando a secreção muda de cor, textura, consistência, características e começa a gerar sintomas é o momento de procurar uma/um especialista.
Esses sintomas podem ser coceira, irritação, ardência, cheiro forte, dor no contato sexual. Ou seja: todo corrimento é perigoso e é um sinal de que algo não vai bem.
O risco de ter corrimentos e não procurar ajuda é que muitas infecções podem gerar fissuras ou lesões na vulva e vagina, o que pode ser identificado no exame físico com uma ou um ginecologista.
Além disso, como vimos acima, o corrimento pode ser de uma IST (Infecção Sexualmente Transmissível). Por isso, iniciar o tratamento adequado evita problemas maiores.
“Constantemente, as mulheres que têm corrimento não vão ao médico. E, por isso, acabam enfrentando o problema de forma recorrente. A longo prazo isso apresenta riscos como dificuldade de engravidar” Dra. Camila Prestes.
Tipos de corrimento perigosos: quais são os tratamentos?
Como nos conta a Dra. Prestes, é comum as mulheres não terem acesso a um atendimento médico de segurança. Muitas vezes, acabam indo à farmácia e compram algum remédio ou pomada.
Dessa forma, a medicação pode não ser eficaz contra aquele agente causador do problema. Portanto, é essencial a avaliação médica e um tratamento específico para cada caso.
Em algumas situações a/o ginecologista irá realizar exame físico e indicar o melhor tratamento. Como por exemplo remédios antifúngicos ou antibióticos.
Como o corrimento muda ao longo do ciclo menstrual?
É normal e esperado que as secreções fisiológicas mudem ao longo do ciclo menstrual. E como cada corpo é único, esse exemplo não é uma regra que se aplica a todas as mulheres, mas sim para um maioria delas.
Fase folicular
A fase folicular é a primeira fase do ciclo menstrual e começa a partir do primeiro dia de menstruação. Nesse período, a menstruação ocorre, normalmente, de 3 a 7 dias. Logo depois da menstruação, a vagina tende a ficar um pouco mais seca.
Por isso, o corpo passa a produzir níveis maiores de estrogênio. A partir daí, a vagina vai ficando mais úmida e hidratada devido a secreção fisiológica.
Perto do período da ovulação, essa secreção terá mais característica de muco, o que indica o período fértil.
Fase lútea
Já a fase lútea ocorre a partir do dia da ovulação até o início da próxima menstruação. Nesse período, o estrogênio segue sendo produzido. Mas agora outro hormônio entra em ação: a progesterona.
Os níveis dos dois hormônios fazem com que a secreção fique mais pastosa, numa cor levemente mais esbranquiçada.
Tipos de corrimento na gravidez
E durante a gravidez, é normal ter secreções? É normal e, inclusive, pode ser que a gestante sinta-se mais úmida que o habitual. Isso ocorre porque durante a gestação, as glândulas vaginais produzem mais secreções, pois o corpo está produzindo muitos hormônios nesse período.
Essa secreção em excesso pode até gerar confusão. “Algumas mulheres confundem essa secreção com perda de urina ou acha que a bolsa rompeu” ressalta a Dra. Camila, pela experiência no consultório.
Em resumo, não é necessário se desesperar. Basta aprender a perceber essas diferentes secreções diárias e aos poucos o processo se torna rotineiro. Além disso, sem sintomas não é preciso se preocupar.
E, em caso de dúvidas, dividir as questões com uma/um obstetra pode ser super positivo para evitar qualquer complicação.
P.s: quer acompanhar as suas secreções vaginais diariamente? Nossa dica para melhorar a observação é usar uma calcinha com fundilho – aquele tecido de algodão que fica em contato com a vulva – em uma cor mais clarinha. A calcinha absorvente fio-dental Ana é perfeita pra isso 😉