Por que devemos falar
sobre menstruação?
A menstruação é um problema. E não estamos falando do fluxo, de cólicas
e nem de TPM. A menstruação se torna um problema porque é um tabu!
O tabu de falar
O tabu nos impede de falar abertamente sobre o assunto e de termos consciência e dimensão das consequências que menstruar implica para meninas ao redor de todo o mundo.
131 MILHÕES
Estimados de meninas no mundo fora da escola – e a menstruação é um dos motivos (Fonte: UNICEF)
CERCA DE 10%
das meninas indianas acreditam que a menstruação é uma doença (Fonte: UKAID)
O tabu da vergonha
O tabu da menstruação também gera desinformação e vergonha, limitando as possibilidades de desenvolvimento das meninas. Segundo uma pesquisa realizada pela J&J com 1500 mulheres no Brasil, Índia, África do Sul, Filipinas e Argentina:
O TOTAL DE 54%
estimados de meninas no mundo fora da escola – e a menstruação é um dos motivos (Fonte: UNICEF)
APENAS 24%
das brasileiras não acham a menstruação nojenta
O TOTAL DE 57%
das brasileiras se sentem sujas quando estão menstruadas (Fonte: J&J)
A vulnerabilidade
Para famílias em situação de vulnerabilidade econômica e social, é inviável o acesso a protetores menstruais como os absorventes descartáveis, que são artigos de luxo. Desta forma, as meninas e mulheres acabam recorrendo a métodos inseguros e pouco eficazes para reter o fluxo, tais como folhas de jornal, folhas de árvore e até barro. A insegurança de ficar com as roupas manchadas e o medo de serem estigmatizadas por isso afasta as meninas da escola, podendo fazê-las perder até 25% das aulas em um ano letivo. Isso prejudica o rendimento, o que por sua vez aumente a chance de evasão – ou seja: parar de ir à escola. Além disso, a falta de saneamento básico afeta diretamente a higiene menstrual. No Brasil, mais de 100 milhões de pessoas não têm acesso a este serviço; e para as pessoas que menstruam, a precariedade agrava ainda mais a relação com a menstruação. Segundo dados do Trata Brasil (2018):
MAIS DE 1 BILHÃO
de pessoas no mundo não têm acesso a um banheiro. (Fonte: Trata Brasil)
APENAS 51,92%
da população brasileira tem acesso a saneamento. (Fonte: Trata Brasil)
O TOTAL DE 3,1%
das crianças e adolescentes brasileiros não têm um sanitário em casa. (Fonte: Trata Brasil)
Nós acreditamos que a principal estratégia é a educação – e estamos elaborando planos de ação para gerar impacto neste sentido.
Quando o assunto menstruação se torna nebuloso e cheio de mitos, fica muito difícil para as meninas e mulheres lidarem de forma positiva com a própria menstruação.
E sendo assim, como convencê-las a lidar de forma positiva com o próprio corpo? Como trabalhar a autoestima de corpos com ciclos menstruais se o sangramento é visto como nojento e sujo?
Ao falarmos de educação menstrual, partimos do princípio que saber o que é a menstruação e compreender o funcionamento do próprio corpo é um direito fundamental de toda menina, mesmo antes de passar por esta experiência.
A educação menstrual é questão de dignidade, direitos humanos e equidade de gênero, pois fornece ferramentas para as meninas e mulheres serem mais confiantes, viverem de forma mais confortável e tomarem decisões mais conscientes em relação a si mesmas e a seus próprios corpos. Conhecimento é um poder revolucionário para nós. Enquanto isso, precisamos de cada vez mais dados aqui no Brasil. Através do mapeamento dos problemas sociais relacionados à menstruação e de movimentos em educação menstrual que ocorrem no Brasil, conseguimos promover ações e metodologias mais direcionadas e resolutivas.



Nos ajude a mudar a vida de outras mulheres:
você conhece alguma organização, ativista menstrual ou pesquisa sobre menstruação em andamento?



Movimento ‘Cadê o absorvente?’
Idealizado pela Herself e Herself Educacional, o movimento nacional ‘Cadê o Absorvente?’ tem como objetivo promover a dignidade menstrual através da luta pelo acesso a protetores menstruais e educação menstrual por todas as pessoas menstruantes. Fazemos isso através de políticas públicas e iniciativas próprias, como as rodas de educação menstrual e oficinas de absorventes reutilizáveis.
Conheça o nosso manifesto:
Somos mulheres que menstruam e agimos para todos os corpos menstruantes. E só vamos mudar as estruturas se ecoarem mais vozes. Cada pessoa pode se apropriar de si.
Nossa missão é promover a dignidade menstrual através do acesso à educação e protetores menstruais para todos. Acreditamos na força do coletivo. E criamos em rede o movimento Cadê O Absorvente, olhando para cada realidade. Queremos potencializar os saberes e tecnologias já existentes. Criamos ferramentas para que mais educadores e educadoras transformem a realidade. Desenhamos processos para que o estado seja autossuficiente na produção de absorventes de pano, garantindo mais qualidade de vida, conforto e sustentabilidade para pessoas menstruantes em situação de vulnerabilidade. Acreditamos que a mudança está na emancipação, ressignificação e educação menstrual.
Exigimos políticas públicas em combate a pobreza menstrual. Exigimos Dignidade Menstrual. Exigimos autonomia dos corpos que menstruam. Acreditamos que se apropriar da própria menstruação possibilita a escolha do tipo protetor menstrual. O absorvente plástico possui um custo, muitas vezes, inacessível à grande parte da população, além de não ser uma solução sustentável (financeira, ambiental, cultural e social). Sendo assim, ter conhecimento desses dados acerca do seu uso traz autonomia para poder se apropriar de outras alternativas de cuidado e fazer suas próprias escolhas, como por exemplo os bioabsorventes, calcinhas absorventes etc. Além disso, fabricar o próprio absorvente traz uma percepção afetiva acerca do autocuidado, e uma autonomia em relação a mercantilização desse cuidado. Juntas e juntos formamos um ecossistema de valorização da cultura menstrual.


