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Hoje quero falar da minha experiência com o câncer

Hoje quero falar da minha experiência com o câncer

Durante todo o mês de outubro, procuramos trazer conteúdos que reforcem a necessidade de conscientização sobre o câncer de mama, compartilhando informações e trazendo a importância do autoconhecimento no cuidado da nossa saúde.

Hoje, compartilhamos com vocês o relato da Inês de Fátima Gasparotto. Aos 55 anos, ela batalha contra o câncer de mama, e divide essa luta com outras mulheres através da página no Facebook Mulheres de Lenço de Arapongas.

Ela topou dividir conosco a sua experiência e as etapas do tratamento, que ainda continua. Também reforça que precisamos romper a vergonha e o silêncio e prezarmos pelo nosso autocuidado, como formas de valorizarmos nossas vidas.

 

“Hoje quero falar da minha experiência sobre o câncer.

Em novembro de 2017, fazendo o autoexame no banho, descobri um nódulo na mama direita. Nesse momento da descoberta, o chão se abriu e o medo foi muito grande.

Saí do banheiro, me ajoelhei e pedi a Deus que me ajudasse a ter fé, pois nesse exato momento, já sabia que era um câncer e que não seria fácil. O próximo passo foi procurar atendimento, pois nesse momento temos que correr contra o tempo.

Fiz um ultrassom, que constatou um nódulo já grande, e fiz também uma biópsia. Paguei por esses exames, mas não havia necessidade, pois no hospital HONPAR (localizado em Arapongas, PR) esses exames são feitos todos pelo SUS, mas eu estava correndo contra o tempo.

No dia 17 de novembro, recebi o resultado da biópsia confirmando o câncer. O próximo passo foi se preparar para a cirurgia e para mais exames, todos dentro da oncologia do hospital HONPAR.

No dia 29 de janeiro, fui operada. Passei por uma mastectomia total da mama direita. Após a cirurgia, senti muita tristeza em me ver no espelho sem a mama, pois me senti mutilada. Mas, com fé em Deus, ergui a cabeça. O meu foco nesse momento era na recuperação, pois estava começando a luta.

Após a recuperação da cirurgia, vamos à temida quimioterapia.

Vou falar uma coisa: não é fácil. Na primeira etapa, foram 4 aplicações de quimioterapia vermelha (um tipo de quimioterapia comumente utilizado no tratamento do câncer de mama, cujos medicamentos possuem coloração vermelha), com intervalo de 21 dias de uma para a outra. Muita náusea, fraqueza e muito medo...

“Será que vou passar?!” Essa era a pergunta que não saía do meu pensamento.

Nos primeiros 15 dias fazendo a quimioterapia, veio a queda do cabelo. Mais uma tristeza. Mas, com muita fé, raspei a cabeça, pois nesse momento eu só queria a cura. O cabelo cresce de novo.

Bem, passamos pela quimioterapia vermelha; aí continuamos com 12 aplicação da quimioterapia branca (outro tipo de quimioterapia também utilizada no tratamento de câncer, cujos medicamentos não possuem coloração).

Na segunda aplicação, as minhas veias resolveram não aparecer mais, pois estavam debilitadas das aplicações anteriores. A solução foi colocar o catéter para poder continuar, pois não podemos parar. Com a quimioterapia branca, sinto muita dor nas pernas, pareço uma idosa de 90 anos. Mas vamos lá: estamos correndo para a cura!

Hoje, termino essa etapa, com muita alegria e com muita fé. Mas o tratamento não acabou: tenho avaliação em Londrina para fazer a radioterapia, que será uma nova etapa. Também retorno ao hospital HONPAR para começar o tratamento de hormonioterapia, que deve durar 5 anos.

Nessa luta, conheci muitas pessoas que venceram o câncer. Também conheci pessoas que não conseguiram e foram junto a Deus, mas tenho certeza que lutaram muito. Conheci mulheres que descobriram nódulos na mama, ficaram com medo e não procuram ajuda, deixando os nódulos crescerem; aí, na última hora, correram para procurar ajuda.

Mulheres: temos que valorizar mais a nossa vida! Não esperar apenas o Outubro Rosa para fazer as mamografias e/ou fazer o autoexame. Este pode ser feito na hora do banho uma vez por mês. Nessa nossa caminhada, é muito importante a participação da nossa família. Ajuda muito a recuperação se sentir amada.

 


(Inês Gasparottoher

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